A decisão de comprar um carro envolve muito mais do que apenas escolher o modelo desejado e verificar se o financiamento cabe no orçamento. Muitos consumidores se atentam ao valor de aquisição e ao gasto com combustível, mas ignoram uma série de despesas associadas à posse do veículo, o que pode gerar surpresas financeiras com o passar do tempo.
O conceito de custo total de propriedade (TCO, na sigla em inglês) abrange todos os custos diretos e indiretos envolvidos com um veículo ao longo do tempo em que o proprietário pretende mantê-lo. Entram nessa conta despesas como seguro, licenciamento, IPVA, manutenção, depreciação, estacionamento, pedágios e até possíveis multas.
Considerar esses fatores permite avaliar de forma mais realista qual veículo se encaixa melhor no perfil de uso e no orçamento de cada motorista.
Depreciação: perda de valor que começa na saída da concessionária
Um dos fatores mais relevantes no cálculo do TCO é a depreciação. Assim que sai da concessionária, o veículo zero quilômetro sofre uma queda imediata em seu valor de mercado, podendo variar de 10% a 20% no primeiro ano.
Ao longo dos anos, esse percentual se acumula, tornando o carro cada vez menos valioso na hora da revenda. Marcas com maior liquidez e reputação de durabilidade tendem a depreciar menos, o que influencia diretamente no custo total da posse.
Combustível e manutenção: gastos recorrentes
Outro ponto de atenção está no consumo de combustível. Modelos mais econômicos e com motores eficientes são preferíveis, especialmente para quem utiliza o carro com frequência.
Além disso, a manutenção preventiva, com troca de óleo, filtros, pneus e revisões, por exemplo, precisa ser feita periodicamente para garantir o bom funcionamento do veículo. Deixar esses cuidados de lado pode gerar gastos ainda maiores com reparos inesperados.
Carros mais antigos, por exemplo, podem ter um preço de compra atrativo, mas exigem mais manutenção, o que eleva o custo total ao longo do tempo. Por isso, é importante comparar não só o valor do automóvel, mas também os custos de peças, disponibilidade de assistência técnica e intervalos de manutenção recomendados pelo fabricante.
Tributos, seguros e despesas adicionais
Pagar o IPVA em 2025 e em todos os anos é outro custo fixo que pesa no bolso, especialmente nos primeiros anos do carro, quando seu valor venal é mais alto. Em alguns estados, esse imposto pode representar até 4% do valor do veículo por ano. A taxa de licenciamento, obrigatória anualmente, também deve ser considerada.
O seguro veicular, por sua vez, varia conforme o perfil do motorista, a região de circulação e o modelo do carro. Modelos mais visados para roubo ou com peças caras tendem a ter apólices mais elevadas. Já as despesas extras, como estacionamento, lavagem, pedágios e multas, apesar de parecerem pequenas, acumulam valores significativos ao longo do tempo.
Planejamento evita arrependimentos
Para calcular o custo total de propriedade, é recomendado projetar todas essas despesas em uma planilha anual, considerando o tempo estimado de uso do veículo. A partir desse levantamento, é possível comparar diferentes modelos, tipos de motorização (combustão, híbrido ou elétrico) e condições de financiamento. A escolha do carro ideal deve ir além do visual e da emoção, priorizando eficiência e compatibilidade com o orçamento familiar.
Adquirir um carro continua sendo o sonho de muitos brasileiros, mas a realidade financeira por trás dessa escolha exige atenção. Em tempos de orçamento apertado, se planejar bem é o melhor caminho para manter o veículo e as finanças em dia.